terça-feira, 1 de junho de 2010

Definida a linha pedagógica do Museu da Vitivinicultura

A educação é uma das atividades centrais e cruciais dos museus, tem uma ampla responsabilidade social, tornando-se parte das políticas culturais. Os museus têm potencial para oferecer oportunidades educacionais para pessoas de todas as idades, formações, habilidades, classes sociais e etnias.
Desta forma tendo por conhecimento o papel da educação no museu e também da importância de um setor específico para essa área o Museu da Vitivinicultura após ampla pesquisa e análise definiu a linha pedagógica baseada no pensador Paulo Freire.
"Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
Fazer relações entre museu e educação, especialmente o ensino de história, implica reconhecer que o museu sempre teve o caráter pedagógico – intenção, nem sempre confessa, de defender e transmitir certa articulação de idéias seja o nacionalismo, o regionalismo, a classificação geral dos elementos da natureza, o elogio a determinadas personalidades, o conhecimento sobre certo período histórico, a chamada “consciência crítica”... Qualquer museu é o lugar onde se expõem objetos, e isso compõe processos comunicativos que necessariamente se constituem na seleção das peças que devem ir para o acervo e no modo de ordenar as exposições. Tudo isso sempre se orienta por determinada postura teórica, que pode ir dos modelos de doutrinação até parâmetros que estimulam o ato de reflexão.
Em outros termos: não há museu inocente. Qualquer exposição tem autores que trabalham a partir de certos pressupostos, explicitados ou não. Desse modo, o que mais interessa é saber o direcionamento que foi adotado. Dizer que tal livro ou tal exposição são educativos não é o bastante. E necessário saber o sentido que se da à prática pedagógica.
O museu que expõe estudos da cultural material tem condições para se transformar em espaço de insubstituível importância nos procedimentos de renovação pedagógica, trazendo para o ato de aprender o compromisso com o mundo vivido e os desejos de transformá-lo. Certamente, a responsabilidade maior é a do próprio museu: o compromisso de se colocar como instituição educativa. Mas isso não se faz de modo solitário. É preciso que haja o envolvimento de outras instituições, como as universidades, que foram os educadores, e as próprias escolas, que levam suas turmas para visitar o museu. Emerge, desse modo, questão de fundamental importância: os modos pelos quais as escolas e os professores fazem opções curriculares.
Afinal, tal ligação entre sala de aula e museu muito depende da prática de um currículo aberto a certos procedimentos pedagógicos e determinadas concepções de saber histórico. Isso significa que é preciso localizar a proposta aqui defendida nas “teorias do currículo”, especificamente na noção de “currículo como política cultural”, de acordo com Henry Giroux e, sobretudo, na pedagogia de Paulo Freire (cf. SILVIA, 1999).
Em suma, é inadiável reafirmar o compromisso com o ato educativo. Hannah Arendt ressalta que “[...] a educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens”. Trata-se de uma cumplicidade política e por isso amorosa:
A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-la de nosso mundo e abandoná-las os seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-se em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum. (ARENDT, 1992, p.247).
QUEM É PAULO FREIRE?
Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família. Com 10 anos de idade, a família  mudou para a cidade de Jaboatão.
Na adolescência começou a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa. Com 22 anos de idade, Paulo Freire começa a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, teve cinco filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização. De acordo com suas idéias, a alfabetização de adultos deve estar diretamente relacionada ao cotidiano do trabalhador. Desta forma, o adulto deve conhecer sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e atuante na vida social e política. 
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares. Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África. Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997.

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